domingo, 14 de fevereiro de 2010

É carnaval, cidade...

...Acorda pra ver!

Eu, uma baiana jovem e disposta, encontro-me num quarto com janelas, mas sem o ar. Acredito que sinto um calor de 40 graus. Talvez pela multidão de turistas e baianos que pulam alegrimente ao som de um axé comercializado.
Tanta alegria, fantasia e música em todos os cantos, o que faço neste abafado quarto?!?
Acredito que na minha metamorfose, no meu auto conhecimento, não me encontro nas avenidas afora. Não sinto o balanço movimentar o meu corpo. Não sinto a fome de quem acorda pra ver o brilho da maior festa popular do mundo. Ainda por cima, sinto a dúvida de quem não acredita nessa imensidão que é o carnaval. Estou me sentindo vazia diante de tanta gente cheia de alegria.
Sim, já curtir outros carnavais, já pulei, brinquei, vivi uma ilusão, rezei para o proximo ano chegar com essa desmedida felicidade... tenho no sangue essa energia que como dizem por aí: "só os baianos que têm". Estou convicta na minha baianidade nagô. Mas não tenho disposição para sair desse quarto quente e ir ao encontro do calor dos circuitos da festa mais divertida do planeta. Não estou fluindo no ritmo do axé.
Então, com essa malemolência que me consome tento me encontrar ao som das marchinhas e fanfarras. Uma jovem ficando velha. Ou uma jovem apreciadora de uma arte já esquecida?
Levanto a bandeira da cultura popular. Grito! Mas esse som contemporâneo abafa meus lamentos. Onde está a história? Comemoram 60 anos de trio, convidam alguns artistas consagrados e no proximo ano? E nos 70 anos de trio? E nos 100 anos? Quem vai cantar os hinos que balançaram o coração dos antigos carnavais? Indignação! Conheço o futuro dessa festa de gente que explode felicidade. Conheço o trio elétrico sem energias do carnaval sem futuro. Quarta-feira de cinzas vai chegar...

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